Tua Ausência

Meu guerreiro, quero ouvir teu grito.
Estou só, tua ausência revela minha incapacidade.
E nada mais me importa.
Uma garça branca cruza o imenso céu azul. Seu grito é de liberdade,  poder, e solidão.
Ouço agora o canto de alguns pássaros. São notas fúnebres, lamentando tua ausência.
O pôr-do-sol  segreda-me quanto tempo sem você.
E caminho sem direção, procurando sua voz.
E nada ouço.

Choro,
Choro,
Desfaleço-me em lágrimas que se misturam ao orvalho da madrugada, que me sauda.
Meus cabelos já molhados pela garoa, gruda em minhas costas e em meus seios, despidos e agredidos pelos ventos noturnos.
Te procurei em todos os lugares.
Hoje estou velha,
Já não sou a beldade que te buscava por mares, ares e terra.
Meus olhos que antes brilhavam,
Inchou-se e as pálpebras insistem em esconde-los.
Meus lábio que antes eram  lisos como fios de seda,
Enrijeceram e não deslizam mais em risos.
Meus seios que antes eram firmes,
Trazem cicatrizes, como testemunhas das agressões dos ventos da madrugada.
E meus pés, que eram feitos de algodão,
Sagram até hoje, por causa das pedras encontradas nos caminhos por onde andei.

Alexandra Pereira