Confidências

Sozinha e nas alturas eu sinto fome, a fome que a muito nao sentia.

E ainda sozinha, relembro excitantes momentos de nossas aventuras.

Das quais sinto-me velha demais para repetir.

E rejuvenesco se for apenas por voce...

Enquanto o eco do silencio me convence de que nada valho nesse momento,

Reflito que entre lagrimas e risos, voce foi o principal motivo porque sorri.

Mas de nada adianta lembrar isso agora que estou morrendo. Devagarinho, mas estou.

Perdoa as minhas fraquezas.

Essa é a minha morte, e morro a todo instante para nascer de novo.

Ninguem ve.

Ninguem sente.

Ninguem desvia sequer um rapido olhar para não se comprometer.

Nao o condeno por minha nova morte,afinal tive de deixar voce morrer primeiro.

Dai a causa do meu sofrimento: nao fui forte o bastante para te salvar de meus ciumes, dos meus medos, dos meus truamas, e de minha infancia atropelada.

Deixei que se fosse sem ao menos saber se me amou...

Deixei que se fosse sem ao menos me deixar no ventre um pedaco de voce.

Mas deixei que se fosse na esperanca de que amadureca, e colha os frutos dos seus verdadeiros sentimentos.Enquanto nossas almas vagam esperando que o tempo tome alguma providencia em nosso favor, nao sei quanto a voce, mas eu morro constantemente.

E ainda vagando, nossas almas erram mais que acertam,

Tropecam nas pedras da ansiedade, deslisam no declive da desilusao, para em seguida afundarem nas areias do desanimo.E isso acontece todos os dias de todos os seis meses em que nao nos vimos mais.E so agora, meu amor, voce me procura nos lugares onde estive e nao estou mais, porque estamos mortos e voce nao sabe.

Nao sabe tambem que podemos estar em em qualquer lugar...

Mas nunca juntos.

Alexandra Pereira