Sai…

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Sai...

Sai de casa em busca de algo, em busca de um amor, de um sinal que me fizesse renascer... comecei a andar em direção a algo... ou em direção a nada... apenas andava, via a noite a cair, as pessoas recolhiam-se para casa, fugiam do destino, fugiam da vida refugiando-se dentro de casas feitas de tijolo, cimento... e não casas feitas de amor... onde as paredes e os pilares eram feitas de sentimentos puros, onde o teto era feito de estrelas...

Andava as voltas, talvez às voltas do meu próprio destino, tentando encontrar uma razão que me prendesse aqui, mas não encontrei nada... nada que desse sentido a minha vida... apenas andava por andar... caminhava... o vento gelado da noite batia contra os meus cabelos... rodeava o meu corpo como uma corda... chocava contra mim e trazia a cabeça todos os momentos lindos que passei ao lado de quem amei, de quem amo e de quem sempre amarei... passei a imaginar que esse vento gelado que me rodeava o corpo seria apenas os seus braços, o que sentia no cabelo, no pescoço não seria mais que a sua respiração suave e quente... mas nem assim parei... simplesmente porque a minha busca não tinha terminado... procurei por ti, meu amor, por todos os cantos e recantos, na esperança inocente e estupida de te encontrar...

Cá no fundo sabia que a minha busca seria em vão... que o que procurava não estava agora ao meu alcance! Não agora, aqui, onde me encontro... o que procuro são os teus olhos... o teu corpo, a tua alma... um beijo que apenas tu me podes dar... e tudo isto está longe... longe demais de mim...

Ganhei uma certa consciência da minha infantilidade... e as lágrimas começaram pura e simplesmente a correr... o vento levava as minhas lágrimas mas muitas delas eram cravadas na minha pele, secas por um vento frio... a minha alma deixou o meu corpo, e foi com o vento... procurar a outra metade que me falta... o vento levou-a para bem longe de mim e bem perto de ti, mas não conseguiu levar a tristeza que guardo dentro do coração por não te ter aqui nos meus braços... essa tristeza está cravada no meu coração como um espinho que magoa... e a todos os dias desta minha doente vida... esse espinho fica mais e mais encravado dentro de mim...

Tu és o remédio para todos estes sintomas... tu és a única pessoa que um dia poderá tirar o espinho de dentro do meu coração, fazendo com que o sangramento pare, a ferida causada pelo espinho cicatrize... e as lágrimas parem de verter dos meus olhos... só tu... só tu poderás um dia dar-me a alegria, fazer renascer o brilho nos meus olhos, que agora de lágrimas se enchem, e arrancar um sorriso, e coloca-lo nos meus lábios...

É a ti que amo... e por mais pessoas que estejam ao meu lado... que me beijem e abraçam... a solidão que sinto dentro do meu peito não desaparece...

Vi-te partir e foi nesse momento que me apercebi o amor que sentia... foi ai que ganhei consciência que não serias como os outros amores.. que o tempo apaga... e levava como as minhas lagrimas...

Nada poderá fazer esquecer o amor que senti... o amor que sinto e que tenho a certeza se sempre sentirei... nada nem ninguém conseguirá mudar o que sinto...

Por vezes escondo-me dentro de mim mesmo, fecho-me e tranco-me... para que eu desapareça e possa aparecer uma outra pessoa dentro de mim.. capaz de olhar em frente e viver com a dor e tristeza... alguém capaz de sorrir, mesmo quando cá dentro apenas a dor existe... que leve a vida ao sabor do vento... deixando-se guiar. Apenas assim consigo sobreviver a esta dor que é tão mortal...

Voltei para casa, depois de uma busca perdida... e caí, caí em cima da cama e chorei, nas esperança que esta dor que carrego comigo seja amenizada... mas eu sei que não é...

Preciso de ti... a cada dia e a cada hora desta minha vida... sem ti não sei quem sou, simplesmente porque me fecho dentro de mim mesmo.