Tu nunca bates no meu pensamento hora de entrar.
Chegas de repente, invades tudo, e é impossível te expulsar por que então já sou eu que te procuro.
Não escolhes momento. É na hora séria, ou na hora triste, na hora romântica, ou na hora de tédio,
por mais que me encontres fechado em mim mesmo entras pelo pensamento, clara fresta, vulnerável às lembranças do teu desejo.
E quando chegas assim,
estremeço até regiões ignoradas
e me levanto, e saio, sonâmbulo a te buscar
e a caminhar a esmo...
Chegas, como uma crise a um asmático,
e então preciso de ti como preciso de ar
e tenho a impressão de que se não te alcanço
e se não te encontro vou morrer, miserável,
como um transeunte nas ruas,
antes que o socorro chegue para salva-lo...
Depois que consegues atingir meu pensamento
tua posse é uma obsessão,
alcançar-te é um suplício.
Teu amor para mim, é humilhante a confissão.
Não é amor, é vicio...
J. G. de Araújo