De amor passei vinte e um anos ardendo,
Feliz no fogo e mui ledo na dor;
E após a alma subir com meu amor
Ao céu, passei mais dez anos gemendo.
A vida que passei com tanto error.
E os meus últimos dias vou depor
Aos pés de Deus a quem ora me rendo,
Arrependido dos mal gastos anos
A que devera dar bem melhor uso,
Que assim tivera a paz, sem desenganos.
Tu que me tens num cárcere recluso,
Livra-me agora dos eternos danos,
Que eu conheço o meu mal e não o excuso
Francesco Petrarca (1304 - 1374)