O Banquete

Falar de amor não é apenas
atravessar algum deserto
e de repente sem querer
chegar ao Oasis singelo,
espaço luminoso e úmido,
onde os destemidos se perdem,
na urgência de beber a água
límpida que surge da terra,
com os leques de altas palmeiras
cobrindo com seu verde a areia.

Amar e ficar no deserto,
com sua sede e sua imensa
desolação de céu aberto.
Por isso a recusa perene,
da mesa farta e a razão
para o convite que vos faço
levando em conta o coração
levando em conta as exigências
a quem sem querer nos obriga,
tal como o vento no campo
se verga do milho a espiga.

Marly de Oliveira: O Banquete (1988).