por Damián Medici
Um medo muitas vezes se transforma em realidade: o sexo na relação fica sem graça. O entusiasmo, a paixão e o desejo são perseguidos por um fantasma desgastante: a rotina.
Mesmo vivendo um amor que pode até continuar crescendo ao longo dos anos, muitos casais vivem o processo inverso em relação ao sexo. Todo aquele fogo do começo e a novidade da relação perdem a força diante da monotonia. Os filhos, as obrigações do lar, o trabalho, o cotidiano e o estresse parecem ser inimigos poderosos do desejo.
Uma pesquisa realizada pela Durex - marca de preservativos -, garante que a média mundial em relação à freqüência do ato sexual é de 106 coitos anuais, ou seja, 2 vezes por semana, com uma média de duração de 17.2 minutos. "Existem estatísticas de alguns países que apontam uma média 3 à 5 encontros por semana, mas, mesmo sendo uma quantidade alta, a maioria dos casais não se preocupa em explorar as preliminares e mantêm relações sexuais dominadas pela rotina" diz Graciela Sikos, psicóloga especialista em sexualidade.
Estas são as pessoas que aceitam a decadência sexual sem resistência, como se fosse algo comum na monogamia. Mas, será que isto é irremediável? É verdade que com o passar do tempo a paixão e a qualidade do sexo diminuem? A maioria dos especialistas concordam: para que a sexualidade possa ser completa, como qualquer outra atividade da vida, ela deve ser exercitada, ouvida e atendida.
Por isso, para os que ainda pensam que nem tudo está perdido, existe um coquetel afrodisíaco extremamente eficaz na hora de revitalizar os nossos encontros amorosos: dar liberdade às fantasias sexuais, encontrar um lugar e tempo apropriado, arriscar-se, reconhecer os corpos, inovar posições e falar de sexo são algumas das infinitas possibilidades para aumentar o prazer sexual e acabar com a monotonia.
As fantasías sexuais
As estatísticas apontam que cerca de 90% das pessoas reconhece ter fantasias sexuais. Mas, apesar da grande maioria dos casais viverem suas fantasias intensamente, poucos as usam à seu favor, e esta potente ferramenta de prazer costuma ficar esquecida, escondida dentro dos segredose desejos mais íntimos.
Existe um mito que aponta as fantasias sexuais como uma forma de infidelidade: "são poucos os casais que costumam fazer delas uma atividade freqüente. Mas as fantasias eróticas não são nenhuma traição. Elas pertencem aos desejos mais inconscientes e incontroláveis, e, além disso, as fantasias eróticas têm a vantagem de não correr o risco de existir no mundo real. Por serem fictícias, ficamos livres de responsabilidades ", afirma Graciela Sikos, psicóloga especialista em sexualidade.
Estes motores do desejo são produtos da imaginação que todos somos capazes de criar. Fazem parte dos gostos e das histórias pessoais. Alguns são lembranças do passado, de momentos muito excitantes, outros são situações que desejamos mas preferimos que permaneçam como fantasias.
A redescoberta do corpo
Uma crença muito comum atenta gravemente contra a saúde da vida sexual dos casais: "Não se deve supor que, pelo fato de ter feito amor com o parceiro durante anos, se conhece tudo sobre ele em relação à área sexual. O segredo do bom sexo é manter a comunicação com o outro, perguntando ao parceiro sobre seus desejos e dizendo-lhe o que nos agrada, dividindo os sonhos e fantasias sexuais.", diz a especialista Diana M. Resnicoff. Por isso, uma das terapias propostas pela sexologia para revitalizar o desejo, é voltar a descobrir o corpo do parceiro:
Primeiro são definidas as regras: defina uma data para fazer isto com tranqüilidade, em um lugar com um ambiente agradável para ambos, sem a possibilidade de interrupções. Decida quem fará e quem vai ser o receptor das carícias. No dia seguinte invertam os papéis.
• Ambos tiram as roupas em silêncio. O objetivo é que a pessoa que recebe as carícias possa ensinar ao parceiro quais são os toques e os lugares que mais lhe dão prazer, emitindo gemidos, suspiros ou movimentos com o corpo.
• As áreas genitais (vagina, pênis e ânus) estão excluídas, as carícias devem procurar novas sensações no corpo inteiro: pescoço, braços, pernas, costas, nuca, orelhas, boca, pálpebras, etc…
• Os ritmos devem ser lentos, sutis e em diferentes direções, começando com círculos. É importante lembrar que cada corpo e pele é sempre um território inesgotável. "Sempre existem áreas do corpo que desejam ser descobertas, e, se estivermos alertas, teremos indicadores que nos dirão quais são", explica a psicóloga Laura Caldiz em seu livro O mapa do corpo.
As brincadeiras eróticas
As brincadeiras eróticas sempre foram uma maneira divertida de aprender coisas novas e mudar a rotina. "As brincadeiras permitem criar novas identidades e recriar situações passadas ou imaginar cenas fora da realidade" explica Graciela Sikos, psicóloga especialista em sexualidade. Estas são algumas das infinitas possibilidades:
• Brincar de ser outra pessoa, assumir novos papéis em lugares desconhecidos: "eu sou o pastor e você é a ovelha", "você é a princesa e eu sou seu servo", "eu sou a professora e você meu aluno", "eu sou atirada e você é timido".
• A fantasia pode ser compartilhada ou só sua, uma intérprete do novo papel: "você está em um ônibus, como todos os dias indo para o escritório, e eu sou uma pessoa desconhecida que começa a se esfregar em você por trás". Para isto, é importante ter a liberdade de improvisar e surpreender o parceiro.
• Outro grande estimulante pode ser acrescentar o componente do risco nos lugares públicos: ela se senta na parte traseira do carro e ele dirige: "você é o taxista e eu sou a passageira que te convida para fazer sexo no carro".
• Falar sobre os desejos, dividí-los com o parceiro, pode ser outro estimulante poderoso.
• Também podem ser incluídos os chamados "brinquedos do amor", diversos complementos vendidos em sexshops como: vibradores, filmes eróticos, lingeries, etc…
O resultado destas experiências podem ser surpreendentes: "no final da brincadeira, os dois fizeram deslumbrantes descobertas sobre as fantasias do outro, assim como sobre seus medos e paixões" afirma a psicóloga Diana Resnicoff.
As condições ambientais
Poucas pessoas prestam atenção aos "pequenos detalhes" que podem ajudar a um encontro sexual feliz :
• Escolha a música que crie um clima especial e diferente.
• É fundamental encontrar tempo suficiente, sem pressa ou interrupções.
• Uma possibilidade é usar uma luz fraca, na qual os contornos das figuras possibilitem liberdade de tato. Por outro lado, também pode-se optar por um sexo mais visual usando espelhos e todas as luzes acesas.
• O uso de cremes ou óleos por todo o corpo intensificam a sensibilidade do tato.
• Os "feromonas" são potentes afrodisíacos, mensagens químicas emitidas através da pele que funcionam como sinais sexuais. Isto faz que, depois de percebidos através do olfato e do paladar, os perfumes, os aromas e as essências sejam intensos estimulantes que estão íntimamente ligados às lembranças e às emoções.
• Para algumas pessoas, a higiene pode ser um requisito muito importante na hora de fazer amor. Ainda que os cheiros possam ser grandes estimulantes, também podem acabar com o encanto. Nestes casos, um bom perfume e uma bebida estimulante antes de fazer sexo podem funcionar.
• Itens comestíveis sofisticados sempre foram fonte de prazer, e podem ser usados como entrada ou mesmo durante o ato sexual. Desde a clássica e romântica cena à luz de velas até a mistura de alimento com sexo, podem erotizar fortemente o casal. Mel, frutas, chantilly, gelo ou sorvetes podem ser os sabores de uma boa sobremesa sexual.
Tente, ivente, faça uma coisa diferente ^^